Gays e o cinema em 2014: o melhor do Brasil e retirada do apoio a Marina Silva

Cinema nacional teve "Praia do Futuro" e "Hoje eu quero voltar sozinho", que disputa vaga à corrida do Oscar de melhor filme estrangeiro. Na política, ator de Hollywood desistiu de Marina presidente por postura contrária ao casamento gay


O ano de 2013 parecia imbatível, com filmes como “Tatuagem”, “Azul é a cor mais quente” e “Um estranho no lago”, que estabeleceram parâmetro difícil de ser superado. Mas eis que chegou 2014 e o universo gay ocupou outra vez a telona com brilho, dilemas, conflitos, dramas e êxitos vistosos no cinema. E mesmo longe das câmeras a atuação de atores consagrados ajudou a semear a tolerância e o respeito à diversidade.
Ellen Page saiu do armário declarando que esse é o único caminho para quem considera ter uma responsabilidade social, como ela. “Não posso mais me omitir. Estou cansada de mentir. Eu sou gay”, bradou a atriz, sob aplausos, em evento em Las Vegas. “Estou aqui porque talvez eu faça alguma diferença.”
Getty Images/Divulgação
Jared Leto dá vida à travesti em 'Clube de Compras Dallas'
Jared Leto interpretou Rayon, travesti soropositiva em "Clube de compras Dallas" e ganhou o Oscar de ator coadjuvante. O ator Mark Ruffalo, muito ligado à causa gay, estrelou o filme "The Normal Heart", retrato do início da epidemia da Aids nos anos 80. No Brasil, ele virou protagonista da corrida presidencial deMarina Silva. Depois de ter declarado apoio à candidatura dela, ele a retirou, com um pedido de desculpas, ao saber que ela não apoiava o casamento homossexual. "Não posso, em são consciência, endossar uma candidatura que não apoie o casamento gay."
Colin Farrell, avesso a qualquer tipo de posicionamento político e engajamento, abriu uma exceção para seu irmão. “Ele não escolheu ser gay” e lançou campanha para a Irlanda aprovar o casamento gay. Referendo realizado no País mostrou que a população está com Farrell.
O MELHOR DO BRASIL É GAY
A Associação Paulista dos Críticos de Arte elegeu “Praia do futuro”, filme de Karim Aïnouz, o melhor do ano. O filme que aborda com sensibilidade o impacto de uma paixão avassaladora em um homem e acompanha os efeitos emocionais e geográficos de seu desenvolvimento, suscitou alguma polêmica por conta das tantas e desimpedidas cenas de sexo homossexual entre o ator Wagner Moura e o alemão Clemens Schick. A polêmica, no entanto, não impediu o filme de seguir carreira vitoriosa depois de lançado no festival internacional de cinema de Berlim.

BATMAN E ROBINO outro grande filme brasileiro do ano é “Hoje eu quero voltar sozinho”, representante do país na busca por uma indicação ao Oscar. O grande mérito da fita de Daniel Ribeiro é desestigmatizar a orientação sexual ao mostrar o crescente encantamento de um menino cego por seu colega de escola.
O cinema brasileiro se recusa a voltar para o armário. Literalmente. É o que provou a comédia “Do lado de fora”, lançada em maio. O filme mostrou quatro amigos que decidem se assumir em menos de um ano. 
Tavinho Teixeira estreou no festival Mix Brasil, em novembro, o filme “Batguano”, ainda sem previsão de lançamento comercial. A fita brinca com a ideia de Batman e Robin serem gays, perspectiva sempre comentada na cultura pop, imaginando como seria a rotina de Batman e Robin como “duas bichas velhas”, nas palavras do próprio diretor, que resolvem explorar a galáxia.
Essa liberdade criativa e ânsia pela experimentação também podem ser notadas em “Favela Gay”, que foi destaque no Festival de cinema do Rio. O documentário que expõe a rotina de gays e transgêneros nas comunidades cariocas foi o vencedor do prêmio da audiência no festival.
O festival do Rio criou em 2014 o prêmio Félix, para destacar a melhor produção com temática gay exibida no evento. Entre os 20 filmes elegíveis, inclusive “Favela Gay”, o júri destacou o grego “Xênia”, um road movie em que dois adolescentes, um deles gay, cruzam a Grécia em uma viagem pontuada por pequenas e grandes descobertas.
O OSCAR É GAY
Em 2015, além da possibilidade de “Hoje eu quero voltar sozinho”, outros filmes com temática gay podem ser sensação na festa da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood. “Mommy”, do canadense Xavier Dolan – que até ganhou perfil no iGay em 2014 – é um dos favoritos para ser indicado na categoria de filme estrangeiro. A produção já foi premiada no festival de Cannes. O francês “Yves Saint Laurent” também é boa aposta na categoria. O estilista francês foi tema de outro filme em 2014, “Saint Laurent”.
O amor é estranho”, em que Alfred Molina e John Lithgow vivem um casal, foi o filme independente mais bem-sucedido do ano nos cinemas americanos e é apontado por setores da crítica como azarão na premiação.
Se não teve o alvoroço de 2013, o cinema em 2014 contribuiu dentro e fora das telas para a consolidação e conscientização de demandas homossexuais.

Fonte: IG

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